Madeleine Alves
Os mestres vagam solitários em seus barcos.
A bombordo e estibordo, comandam o leme em busca dos verdadeiros faróis.
Os mestres enxergam os faróis holográficos e hordas de novos marujos que se apressam a navegar em suas direções. Então, baforam seus cachimbos e, com um leve meneio de cabeça, continuam sua rota.
Há as estrelas e o sextante. E com elas, o mestre tece sua poética. Há a gramática das coordenadas, a morfossintaxe de latitudes e longitudes. E estas estão no inconsciente dos mestres.
Eu os observo navegar...
Para um mero observador, o admirável movimento do barco cortando ondas e intempéries é a intuitiva dança que se quer bailar de peito aberto e maresia nas narinas.
Os mestres são generosos e humildes. De soslaio, chamam a atenção. Com um leve sorriso nos lábios e uma piada, deixam rastros nas ondas nas quais cortam caminho. E assim nos ensinam a falar o idioma dos mares.
Os faróis de concreto são apenas uma desculpa de caminho.
Mestre que é mestre sabe que é à deriva que se aprende a falar a língua do mar.
Um comentário:
Belíssimos como tudo que você escreve continue embelezando o mundo com sua arte. Te amo Mamis.
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