"Pequena história destinada a explicar como é precária a estabilidade dentro da qual acreditamos existir, ou seja, que as leis poderiam ceder terreno às exceções, acasos ou improbabilidades, e aí é que eu quero ver" (Julio Cortázar)


A Produtora Signos Possíveis começou neste blog de escrita. Aqui você encontrará uma seleção de textos escritos e escolhidos por Madeleine Alves. Para saber mais sobre o trabalho da produtora, procure a gente nas redes sociais!


quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Alma em Livro

 Madeleine Alves


Lustres pendentes
solfejam luzes
e não ilustram
o escuro da alma
que escreve.
Folheiam o ar,
iluminam a sombra
com quem lê segredos
e códigos-serpentes
— mas nada compreende.

No cair da tarde, o que pende é o entendimento.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Insônia

 Madeleine Alves


Causa da cama revolta
Mote de pensamentos revirados
Volteios do tempo madrugador
Consequência de aflição reinante
— e impassível frente à tela de um visor.

terça-feira, 13 de junho de 2023

Salário

Madeleine Alves

Brandamente luto
para plantar
- no cotidiano que suplanta -
uma flor nova
- de raiz forte -
que brade e me salve
no sal dos dias.

domingo, 9 de abril de 2023

Sala de Espera

 Madeleine Alves


Estes poemas presos

que trago

na mente

não mentem

quem sou.


Artista:

do nó na garganta

aos nós dos dedos

nada comum

- aflita por dividir

ARTE

por todos os poros

para todos nós.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Oblivion

 Madeleine Alves


De tudo, não temo

a distância

— posto que sentimento

é ponte indestrutível.


De tudo, não temo

o Tempo

— sempre certo,

para nós,

aprendizes errantes.


De tudo, não temo

a ausência

— o sentir

me preenche

de presença.


De tudo,

tenho só medo

d'es

        que

                cer


                        teu


                                r

                                    o

                                         s

                                            t

                                                o.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

... e daí?

Madeleine Alves 

batom vermelho 
para ver melhor
as bagagens 
que nem percebo.

eu,
que sempre virei do avesso em prol de outros,
enfim ergo-me no Carro da Existência 
e puxo as rédeas
- tão minhas -
que, antes abandonadas,
agora sabem a quem pertencem. 

... essa vida tão curta para ser só o que os outros desejam...

... e quando acabar toda a comida?
... e quando saciado todo o sexo?
... e quando compradas toda as roupas e carros e bens?
... e quando entornada toda a bebida?
... e quando todas as palavras estejam tão vazias de sentido por serem tão ditas que só te reste o silêncio?...

... o que você fará com esse vazio que te sonda, 
esse silêncio que te grita
e essa cegueira que te obriga 
a Visão da Verdade 
- que não queres ver?

sábado, 3 de setembro de 2022

Via

 Madeleine Alves


Meu caminho certo

talvez nem tenha conserto.

Torto, tomado de acerto

- e erro -

sinuoso largo estreito

nas vias mentais de linha reta.

Essa sina

de quem tem a mente aberta,

a alma ao Uno conecta,

seja ao largo ou ao estreito,

a torto e a direito,

por começo não tem fim.

Há de vir tal vez

em que o Tempo dele dirá:

"Esse caminho torto era, enfim,

o seu maior acerto."