Madeleine Alves
Segundo o dicionário, “Resiliência” é a habilidade que uma
pessoa desenvolve para resistir, lidar e reagir de modo positivo a situações
adversas. Ainda que por vezes não conheça essa palavra, o destino do artista é
lapidá-la com seu ofício e sua vida – sem afetação. No fundo, com alma de
criança que faz arte - um “arteiro”(!) – experimenta no lúdico interior de seu
ofício, exercido com muito estudo, técnica e por muitas vezes abnegação
voluntária, a única conexão que o faz resistir, lidar e reagir a um mundo que
nem sempre o reconhece e laureia.
Elver Savietto é um artista-arteiro que se classifica como
escultor e ceramista, dado seus mais de 30 anos dedicados a essas atividades.
Mas eu nem me dou ao trabalho de classificá-lo, porque ele faz de tudo: desenho,
mosaico, colagens, graffitti... Enfim, tudo o que lhe der na telha. Quando
experimenta uma nova técnica, 100-OR!: são 200, 300 exemplares de experimentos,
até apreender e... partir pra uma nova experimentação! Nascido em uma família
de artistas, não caminhou sempre pelos caminhos estéticos dos que o precederam.
Em suas melhores memórias, estão os 13 anos de presença na Cadeia Velha de
Santos a partir do fim dos anos 1980, ao lado de Luiz Hamen, Sérgio Guerreiro e
Maurice Lègeard (com quem desenvolveu uma amizade única), para citar alguns
nomes conhecidos da cultura de nossa região. Há mais de 25 anos, Elver leciona
da Universidade Santa Cecília - UNISANTA, tendo passado por ele alunos
regulares, graduandos do antigo curso de Artes Visuais, especializandos em
cerâmica; mas muito antes, Elver já abria sua cela na Cadeia para os visitantes
que vissem nas nuances da pedra-sabão o mesmo encanto com que ele as enxerga,
para os clientes que consumiam vertiginosamente sua arte, para os estudantes
que quisessem aprender a magia do solo contida na argila prestes a ser queimada
e virar cerâmica. Febrilmente, já se esqueceu inúmeras vezes de comer enquanto trabalhava; já deu tudo o
que podia, não podia, devia, não devia
para comprar materiais artísticos; e já dividiu tudo generosamente com aqueles
que, de sentidos atentos, queriam saber mais do grande tesão de sua vida.
O que leva alguém a passar tanto tempo assim? Começando,
recomeçando, (re)recomeçando e (re)recomeçando mais uma vez, todos os dias, com
os tênis plenos de barro, a calça jeans empoeirada de pedra, pedalando numa
bike, indignando-se com o desmatamento em Peruíbe, os desvios de conduta e a
cuca aberta para apreender a natureza, Santos, o feminino, o mar, os peixes,
numa necessidade visceral de continuar... ?

Aqui, acaba o texto-promo da lodjinha! E se nenhuma dessas
razões for suficiente, pense que alguém, em algum cantão desse mundo, precisa
conhecer um artista despojado de vaidade e preenchido pelo amor ao seu ofício
para ser sacudido do torpor e do desânimo, ou da raiva e da agressividade,
gerados pelas inúmeras dificuldades dessa vida para enfim conhecer a Amorosa
onda de sentidos da palavra “Resiliência”.
ACESSE "SEM TÍTULO TÉCNICA MISTA (ELVER SAVIETTO)" E VENHA FAZER ESSE FILME CONOSCO!
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