Madeleine Alves
De todos os títulos que conheço de todos os livros de que já ouvi falar, existe um que, para mim, beira à perfeição. E você pode até concordar comigo e tirar o chapéu a Milan Kundera: "A Insustentável Leveza do Ser".
Curioso: ainda não consegui ler propriamente o livro. Baixei-o em e-book e carrego-o comigo por pen-drives e CPU's há dois anos. Esse título me arrebata. Seria talvez um medo inconsciente de não gostar do livro e o título perder o encanto?
Sei lá...
No mar de concreto e oceano onde vivo, as massas estão cada vez mais densas e há muito pouca metragem para leveza propriamente dita.
... até que ela vem numa manhã chuviscante de 3ª, numa breve pausa do trabalho. Basta uma desmedida atenção dispersa e tudo o que você vê é um fiapo de tecido branco volteando entre gotículas e vento.
Volteia
Flutua
Gira
Flutua
Eleva-se
Decai
Volteia
Pra lá
Pra cá
Sobe.
Sobe contra o branco céu do inverno e...
cadê?
Quanto tempo sustentaríamo-nos levemente sob gotículas e vento? Dias, meses, anos décadas...?
Quantos de nós estão sentindo-se um fiapo à mercê de gotículas e vento, volteando, flutuando, girando, decaindo, a esmo no mesmo?
A poesia do mundo talvez atravesse massas. Talvez volteie sob gotículas. Talvez decaia no sabor do vento. Talvez esteja na zona do ilusório-intangível. Talvez seja esse tal leve insustentável ser. Talvez nos arrebate...
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