Madeleine Alves
Delírio é lutar a vida toda por algo e quando se alcança, não ver mais sentido nisso.
Delírio é todos os dias pegar a mesma condução e fazer o mesmo trajeto — e
achar que isso é normal.
Delírio é querer ter tempo para estar com amigos e família — e quando se está com eles, querer estar em algum outro lugar.
Delírio é acreditar que a vida nas redes sociais é o que mais importa.
Delírio é se conformar com uma vida que não tenha um instante para admirar a beleza.
Delírio é acreditar que bajuladores gostam mesmo de você.
Delírio é trabalhar, trabalhar, trabalhar — e, um dia, se dar conta que tanto se trabalha para não enxergar e curar o vazio que existe dentro de si.
Delírio é acreditar que música boa é só a que viraliza nas redes sociais.
Delírio é botar fé que é preciso massacrar a criatividade todos os dias para ter posts todos os dias para ter engajamento todos os dias.
Delírio é criar coisas que não têm alma.
Delírio é se importar tanto com o que outros pensam a ponto de calar um sentimento.
Delírio é não lutar para realizar os sonhos de juventude.
Delírio é levar o fim de semana inteiro para maratonar uma série e não ter um minuto para escutar alguém que é importante para você.
Delírio é ter tanta certeza de que o outro tem uma vida tão mais interessante que a sua a ponto de você deixar de lado a sua própria vida.
Delírio é pensar que se precisa de tanto estudo para entender aquilo que só a intuição pode te ensinar.
Delírio é dizer tudo o que se pensa.
Delírio é não ouvir o clamor da natureza.
Delírio é não perceber que a arte nos salva, é profissão e gera beleza.
Delírio é viver tempos tão tristes que não nos permitam imaginar.
2 comentários:
Viva!
Bravo! Adorei Madeleine, sucesso em tudo que fizer ou que tentar fazer. Beijo.
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